
O reboot do Homem-Aranha chegou sexta nos cinemas. O longa ignora a história que se passou nos três primeiros filmes, reescrevendo a história do personagem.
Peter Parker (Andrew Garfield) é um aluno do último ano do ensino-médio rejeitado por seus colegas e com um passado muito misterioso, do qual nem ele sabe ao certo respostas. O garoto é picado por uma aranha em um laboratório das empresas Oscorp e acaba ganhando super-poderes. Após isso, o jovem tem que conciliar sua paixão por Gwen Stacy (Emma Stone), a vida com seus tios, Ben (Martin Sheen) e May (Sally Field) e uma vida de vigilante, na qual ele combate o crime.
Passando um verdadeiro corretivo nos filmes de Sam Raimi, a produção de O Espetacular Homem-Aranha mostra que esteve e está disposta a adaptar o herói a atual geração. Para mostrar isso podemos usar o exemplo do Peter Parker do filme: lentes de contato, andando de skate, encarando valentões. O diretor Marc Webb, filmando uma produção totalmente nova para ele, dá conta do recado e deixar rolar cenas em que podemos enxergar o conflito psicológico de Parker. O personagem deixa de ser um adolescente abobalhado e passa a ser um sujeito autônomo, apesar de ainda ser desajeitado e tímido.
Muita gente torceu o nariz quando soube que os filmes de Sam Raimi, diretor da trilogia original, seriam esquecidos. É um pensamento compreensível. Os três primeiros filmes foram rodados de 2002 a 2007, e ainda estão muito frescos na nossa memória. Uma justificativa para a mudança de direção foi o fraco Homem Aranha 3, que até arrecadou muito nas bilheterias, mas que não arrancou suspiros dos espectadores. O culpado por esse fracasso não foi Raimi, mas sim os produtores que quiseram dar muitos pitacos nos terceiro longa. Passado o erro, os executivos inovaram, esquecendo os ocorridos e colocando Mar Webb na direção e Andrew Garfield como o super-herói.
A escolha do elenco merece destaque. Garfield, que, apesar dos vinte e e oito anos nas costas ainda tem uma carinha de inocente foi maestral na interpretação. Emma Stone, do filme Histórias Cruzadas, arrebenta, dando a Gwen Stacy um tom de moça com personalidade forte. Martin Sheen segura muito bem o bom e sábio Tio Ben. Agora, Sally Field passa meio apagadinha.
Garfield é maestral na interpretação.
O roteiro é que parece ser meio remendado. Com vários clichês do primeiro filme, lançado em 2002- apesar de que Homem-Aranha é isso aí e não dá pra fugir muito- parece que o que estamos vendo é um remake, não um reboot-. E as coincidências também irritam um pouco. O vilão Dr. Connors era amigo do pai de Parker e é chefe da garota que estuda no mesmo colégio de Peter, garota aliás que é a musa do herói, e assim por diante. Umas coisas difíceis de aturar. Mas há pontos positivos, também. Eles são maiores e superam o que há de negativo. Os efeitos em 3-D são show de bola. A escolha de Lagarto como o vilão da trama também é um acerto. O humor também aparece e vai muito bem. Agora, o que é dá o tom nas duas horas de filme e o que vai dar o tom para futuras continuações, é a relação entre Peter Parker e Gwen Stacy. O menino desajeitado, que não sabe como pedir para sair com a garota mais bonita da escola... A química dos dois atores é muito boa. Muito se deve pelo fato de Webb saber dirigir essas cenas de intimidade. Curiosamente, Stone e Garfield são namorados fora das telonas.
O que se dá para tirar de conclusão é que sim, esse filme é superior do que todos os três anteriores. E, quando às luzes do cinema acendem, eu fiquei pilhadão pra assistir uma continuação. A já relatada química entre Parker e Stacy é muito boa e a promissa é de uma trilogia melhor, até porquê, esse filme é mais pé no chão e esse Homem-Aranha parece mais, na falta de palavras melhores, mais real.
A química desses dois é magnífica e é o ponto alto do filme.