
TÍTULO: A Batalha do Apocalipse
AUTOR: Eduardo Spohr
ANO: 2010- em 2010 a história foi públicada em livro, pela editora Vênus, porém, foi publicado na internet pelo site Jovem Nerd em 2007
PÁGINAS: 586
A literatura brasileira é muito boa. Faz frente, tranquilamente, com países com um vasto passado no gênero literário. Estamos repletos de ótimos escritores. Machado de Assis e Carlos Drumond. Paulo Leminski e Monteiro Lobato. Mas os nossos escritores nunca, ou em escassas oportunidade, exploraram o tema fictício. Nenhum deles teve a vontade de fazer o que o sul-africano Tolkien fez. Explorar a fantasia, a ficção. Eis que surge Eduardo Spohr. Eis que surge A Batalha do Apocalipse.
Uma verdadeira promessa. Alguém com futuro e que pode nos orgulhar em um momento em que o povo brasileiro entra em decadência. Nas minhas idas e vindas no meio dos livros, encontrei um marca página. Decoração bacana. Uma arte bonita. Fiquei tentado a ler a sinopse. Depois de fazê-lo, fico animado muito animado. Vou então ao sábio Google e faço uma pesquisa com o título A Batalha do Apocalipse. Para o meu espanto e alegria. Aquela história que li no marca página era assinada por um brasileiro. Empenho-me a ler a obra.
Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o juízo final.
Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedom, o embate final entre Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heroicas, magia, romance e suspense.
Essa é a sinopse do livro. Cheguei a ler em alguns lugares uma comparação entre Spohr e J.R.R. Tolkien. Menos, bem menos. Comparar o iniciante Spohr e sua ótima obra a Tolkien e ao impecável Senhor dos Anéis é uma super-valorização. Não subestimando nosso compatriota. A Batalha do Apocalipse é pauleira. Ablon, o Anjo Renegado, é um personagem muito carismático. A Feiticeira de En-Dor, Shamira, é melhor ainda. A narrativa de Eduardo é muito boa, principalmente na descrição dos cenários antigos, como o Império Romano, os castelos medievais da Inglaterra e as planícies da China. Tudo bem mastigado para viajarmos nesse universo. Largar o livro depois de ter feito a iniciação na leitura é uma tarefa complicada. O autor sabe como nos prender com uma trama bem amarrada, uma história concreta.
A história é muito boa. Há grandes mentes que inventam ótimas histórias. Outra coisa bem diferente são grandes escritores. O escritor desenvolve, executa; o "sonhador" inventa. Ambas as mentes são ótimas. Saber contar uma história é ótimo. Saber inventá-la também. O difícil é aliar as duas qualidades. Não dá pra dizer que Spohr é um gênio. Ele é bom em inventar a história. Mas não consegue trasmitir ao papel com uma qualidade de um Stephen King, por exemplo. Bom, eu estou mal acostumado. Spohr conta muito bem, mas há gente superior a ele nesse critério, o que não tira o brilho do livro. Um pouco mais de experiência e teremos um nome para colocarmos no hall de grandes nomes da literatura brasileira.
O enredo também têm uns clichês que atrapalham um pouco. Ablon é o típico herói. Toma partido apenas para ajudar a humanidade. Busca sempre a verdade, um verdadeiro justiceiro. Já vimos centenas de vezes, mas dá pra descontar, pois o personagem é o ícone principal do livro. E se não fosse assim, o livro poderia perder um pouco de sua sustentação.
Agora, meu amigo, o que é a cronologia da história? Tudo muito bem arquitetado pelo autor. O levante no céu, as Batalhas Primevas, a criação do universo, a queda da Estrela da Manhã, o exílio de Gabriel. Simplesmente fantástico, maravilhoso. Por isso, o livro já vale a pena.
Outra coisa fantástica são as mundanças de como contar a história. No início, em terceira pessoa. Depois, em primeira. Golpe de mestre, coisa digna de um escritor fardado em experiência- coisa que ainda falta para Spohr, mas que ele vai adquirir se quiser continuar no ramo- e de alguém que têm tino pra coisa.
Bom, mais do que recomendo. O livro é engolido, a história nos prende, personagens como o demônio Apollyon, o arcanjo Miguel, o Renegado Ablon, o Caído Lúcifer, a Feiticeira Shamira, e todos os outros fazem com que passemos alguns dias em um universo altamente imaginário e muito bem montado Eduardo Spohr. Vale a pena não apenas por ter sido escrito por alguém de nossas terras, mas por ser uma obra que, apesar dos defeitos, nos transporta e faz refletir, com seu drama, romance, suspense e ação. Pra que melhor que isso?
Categoria: Muito bom
Nota: 8,5